20 de novembro de 2013

QUANDO nada mais resistir que valha a pena de viver…

   A solidão e sua porta

                                                                                                            (*)Carlos Penna Filho

 

Quando nada mais resistir que valha

A pena de viver e a dor de amar

E, quando nada mais interessar

(Nem o torpor do sono que se espalha),

Quando, pelo desuso da navalha,

A barba livremente caminhar

E até Deus em silêncio se afastar,

Deixando-te sozinho na batalha

A arquitetar na sombra a despedida

Do mundo que te foi contraditório,

Lembra que, afinal, te resta a vida

– Com tudo o que é insolvente e provisório

E que ainda tens uma saída:

Entrar no acaso e amar o transitório.

 

                                                                                 (*) Poeta pernambucano, 1929-1960

OBS: foto meramente ilustrativa, extraída do site www.obviousmag.org

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