7 de junho de 2016

MORADORES pedem mais médicos em posto de saúde do Campeche

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Às vésperas da prometida entrega do novo posto de saúde do Campeche, anunciada pela Prefeitura para julho deste ano, quase um ano e meio depois do prazo previsto inicialmente, cresce a insatisfação dos usuários do atual posto local com as condições de atendimento da acanhada unidade de saúde. Desde meados de abril, diversas manifestações foram realizadas em frente ao posto, situado no centrinho do bairro próximo ao comércio e bancos, ganhando ampla visibilidade na mídia local.
O professor aposentado da UFSC e conselheiro titular do Conselho de Saúde Local, Marcos Ferreira, diz que a estrutura de pessoal da unidade está incompatível com as necessidades da comunidade. Apenas duas equipes de saúde da família, compostas por médico, enfermeira, técnica de enfermagem e agentes de saúde atendem no local, cuja base abrangeria mais de 20 mil moradores. “O SUS preconiza que cada equipe de saúde atenda até 3,5 mil moradores”, pondera.
Ferreira elogia a capacidade das equipes que atendem no local, mas ressalva que a sobrecarga dificulta uma resposta satisfatória à demanda.  “O grau de resolutividade do posto é bom, todos são muito competentes e atenciosos, mas enfrentam limitações; quem é atendido sai satisfeito, mas quem não consegue atendimento sai revoltado”, comenta. O dirigente sustenta que o posto precisaria pelo menos quatro equipes de saúde da família para operar em condições minimamente normais.
Usuários que chegam passando mal, conforme ele, geralmente conseguem ser atendidos, mas aqueles que procuram a unidade para marcar consulta precisam chegar de madrugada, enfrentar filas para obter senha e muitas vezes mesmo assim não saem contemplados. Quem passa logo ao amanhecer pelo local geralmente se depara com um grande número de pessoas, inclusive muitos idosos, em busca de atendimento.
Inaugurado em março de 2007, durante a gestão do ex-prefeito Dário Berger, a unidade representou um ganho significativo para a região na época, porque substituiu a ainda mais acanhada unidade que funcionou por muitos anos em condições semi-precárias, ao lado da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes. Com 242 metros quadrados de área construída, é dotado de três consultórios médicos e sala de dentista, entre outros, mas já na época era apontado como solução provisória, até a inauguração do novo posto situado em fração de terreno do antigo aeroporto local.
Novo posto de saúde não empolga moradores
A prometida inauguração do novo posto de saúde do Campeche, apontado pela Prefeitura como o mais moderno da capital em termos de estrutura física, não é motivo de empolgação no bairro. A coordenadora do CPOSTOO SAUDE SITEonselho Local de Saúde, Flávia Mesquita, avisa que a entidade é contrária à entrada em operação da unidade se não houver ampliação do quadro de equipes de saúde. “Será apenas uma transferência do local das filas”, corrobora o conselheiro Marcos Ferreira.
Desde meados do ano passado, a entidade vem gestionando a ampliação das equipes na unidade local, obtendo algumas promessas de que o pleito seria atendido. Contudo, recentemente uma carta  lacônica encaminhada pela Prefeitura ao conselho local pôs um ponto final nas expectativas, comunicando que nenhuma contratação na área da saúde será feita até dezembro.
“O ideal seria termos até seis equipes de saúde, mas quatro seria o mínimo aceitável; agora, se não ampliarem as equipes não adianta inaugurar novo posto”, afirma Ferreira. Composto por coordenador e conselheiros titulares e suplentes, o Conselho Local de Saúde é integrado por moradores da região e representantes do próprio posto. As reuniões da entidade são mensais no próprio mini-auditório do posto. “Cada reunião reúne entre 20 a 40 pessoas”, relata Ferreira.
Em resposta às manifestações, a Secretaria de Saúde municipal reiterou que segue nos planos a ampliação do número de equipes médicas no posto de saúde local, mas que isso só será possível com a reversão da crise financeira que atravessa o município. NO final de maio, o prefeito anunciou mais um pacote de contenção de despesas para enfrentar o déficit de receita, mirando economizar R$364 milhões até o final do ano. Apenas algumas obras pontuais escaparam da gigantesca ‘tesourada’.
(Foto: Petra Mafalda/Divulgação/Arquivo/JC)