15 de outubro de 2016

SANEAMENTO das praias provoca desconfiança dos visitantes

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Outro desafio da temporada que se aproxima será superar a desconfiança dos visitantes acerca das condições de balneabilidade das praias da capital, principalmente depois do desastroso episódio da enxurradfoto-saneamentoa de dejetos que abalou Canasvieiras no verão passado. Apesar do intenso alarido resultante do episódio, pouco mais do que algumas medidas paliativas foram adotadas para tentar resolver o problema que abalou a imagem da capital.
Embora a situação mais grave envolvendo o precário saneamento da capital tenha atingido o tradicional balneário do Norte da Ilha, outrora um dos mais badalados da cidade, o Sul da Ilha também tem contas a prestar com seus moradores e veranistas. Em meio à temporada passada, uma língua negra de origem suspeita surgiu em plena praia central do Campeche, oriunda de uma vala lateral ao acesso principal à praia.
O funesto evento provocou muita revolta, culminando com uma manifestação que levou centenas à praia, e foi alvo de inspeção por técnicos do município e de organizações independentes, entre elas a ONG Instituto Sea Sheperd Brasil, que apontou focos de poluição por esgoto doméstico. A intendência do Campeche, com apoio da Vigilância Sanitária e Associação de Moradores, saiu a campo para lacrar esgotos irregulares no entorno, mas os culpados pela foco poluente nunca ficaram claros.
A boa notícia acerca do saneamento do Campeche é que a Casan informa que acaba de ser assinado o contrato para retomada das obras de construção da estação de esgoto do Rio Tavares, projeto crucial para viabilização de todo o sistema de esgoto em implantação na região, paralisado há mais de dois anos. “Estamos aguardando apenas o Ministério das Cidades aprovar o processo licitatório para autorizar o início das obras”, assinala o gerente de Construção da Casan, Fábio Krieger. Os recursos virão da Caixa Econômica Federal.
Conforme o dirigente, o contrato foi assinado no final de setembro com a vencedora da licitação, a empreiteira mineira Infracon Engenharia, que bateu a catarinense Cosatel. O custo total da obra é de R$ 39,5 milhões para edificação de uma estação capacitada para tratar 202 litros por segundo de esgoto in natura. O tratamento será em nível terciário, com geração de efluente livre de nutrientes (fósforo e nitrogênio) e de até 90% da carga orgânica.
Mas nem tudo são flores. O prazo para conclusão desta obra,  que se arrasta há quase 10 anos, é de pelo menos de 24 meses. Só depois de concluída a estação é que o sistema de esgoto do Campeche estará capacitado para finalmente entrar em operação. Até lá, a região seguirá dependente das tradicionais fossas sépticas e, principalmente, da conscientização da população local.
A intendência e associação de moradores informam que seguirão rastreando e lacrando ligações irregulares, e encaminhando denúncias ao governo municipal e Vigilância Sanitária. A Casan, por sua vez, planeja iniciar em breve uma ampla campanha de conscientização para coibir o despejo irregular na rede de tubulações inativas, que somam quase 15 quilômetros, além de ações pontuais para resguardo de seus equipamentos. (Foto: Milton Ostetto/Divulgação/Arquivo/JC)