27 de fevereiro de 2017

SUL DA ILHA retoma mobilização e rechaça intervenções no projeto

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

A pressão de entidades empresariais para ampliação dos prazos de discussão do novo plano diretor, a partir de outras premissas, e alguns projetos do pacote de Gean aprovados pela Câmara, acenderam o sinal de alerta nos movimentos comunitários do Sul da Ilha. O delegado distrital do Campeche no Núcleo Gestor do plano diretor, Ataíde Silva, garante que as lideranças regionais já estão mobilizadas para rechaçar novas tentativas de intervenção nas diretrizes comunitárias, resultado de centenas de audiências e oficinas realizadas nos últimos 11 anos.
Pelo recente acordo firmado entre Prefeitura e Ministério Público Federal, conforme ele, só estaria faltando a nomeação dos novos representantes do governo municipal no núcleo gestor para retomada das discussões do plano diretor. Pelo acordo ainda, os trabalhos envolverão basicamente a revisão dos 523 artigos do anteprojeto concluído no final de 2016 durante a gestão anterior, dos quais 179 já teriam passado inclusive por um primeiro crivo do núcleo ainda em dezembro.
Apesar dos fortes apelos econômicos envolvidos, o dirigente confia que o acordo será respeitado pelo governo municipal. Corrobora sua expectativa, a recente nomeação do delegado federal aposentado Ildo Rosa para a presidência do IPUF e coordenação do processo final do plano diretor. Rosa já exerceu esse cargo durante o primeiro mandato do Governo Berger (2005/2008), considerado o período em que a discussão do plano diretor viveu seus momentos mais democráticos na cidade.
Silva acredita que a nova pressão mira flexibilizar as restrições à verticalização predial na região. “Não temos recursos naturais e infra-estrutura para suportar essa expansão que eles sonham; a Lagoa do Peri, que abastece todo o Sul da Ilha até a Barra da Lagoa, tem capacidade para atender no máximo 140 mil pessoas; só no Campeche hoje já temos 51mil habitantes’, afirmou. “Plano diretor não é só legislar sobre construção, envolve qualidade de vida, saneamento, mobilidade e respeito ao meio-ambiente”, assinalou.
(Foto: Willi Heisterkamp/Divulgação/Arquivo(Maio 2011)/JC