19 de abril de 2018

COMUNIDADE reage à expansão de planta de mineração no Sul da Ilha

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

No ano em que completa 45 anos de existência, a Pedrita enfrenta a maior resistência de sua história à planta de mineração a céu aberto que mantém desde 1973 no Rio Tavares. A recente postulação pública de renovação do licenciamento para exploração de sua lavra na região desencadeou uma onda de protestos, que culminou com uma recente manifestação em frente a suas instalações, e vem mobilizando moradores e ativistas locais para tentar barrar o projeto.
Inobstante a emblemática e melancólica paisagem do morro fraturado em pleno coração do Rio Tavares, e da poeira e explosões decorrentes da atividade, a empresa sempre conviveu de forma relativamente amistosa com a comunidade.  Além de gerar atualmente cerca de 100 empregos diretos, comercializa insumos para particulares, construtoras, revendedores e afins, e atua nas áreas de construção pesada e infra-estrutura em geral.
Um dos mais ativos opositores à expansão, o presidente da Associação de Moradores do Campeche (Amocam), Alencar Vigano, alega que a planta prejudica todo ecossistema regional e fere a Lei da Mata Atlântica e o próprio plano diretor.  Além do efeito paisagístico, provoca poluições sonora e do ar, em meio a uma área conflagrada que abriga escolas e deve ganhar ainda neste ano uma nova creche para 100 crianças.
Moradores mais antigos da região ressaltam que a proximidade com a planta provoca rachaduras nas casas por causa da vibração do solo, problemas respiratórios decorrentes da poeira da extração, além de muitos estrondos e até eventuais sustos e riscos de acidentes por conta de pedaços de rocha que voam sobre as casas.
O intenso fluxo de caminhões superpesados no entorno, que impactam sobre a infra-estrutura de rodovias locais e a complicada mobilidade da região, também é elencado como fator que pesam contra a planta. A postulação – um complexo documento de quase 500 páginas – se encontra sob análise do Instituto de Meio Ambiente  (IMA), antiga Fatma. Antes do licenciamento final, ainda deve passar por audiência pública no âmbito local.
A contrariedade à planta, contudo, não é unânime. Muitos moradores antigos e mesmos alguns novos, ex-funcionários e descendentes enaltecem a importância da empresa para o desenvolvimento regional. A empresa, por sua vez, em documento divulgado à imprensa, alega que a exploração local traz dividendos para a própria comunidade, fornecendo insumos com menor custo agregado, além de postos de trabalho e arrecadação de impostos.
(Foto: Movimento SOS Rio Tavares/Divulgação/JC)