O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água e Esgoto (Sintae), Odair Rogério Silva, partilha da preocupação da vereadora e tem feito apelos para que os prefeitos contenham a atual tendência de municipalização do abastecimento de água e saneamento. Ele lembra que esse processo já resultou na privatização em 12 municípios, entre eles cidades importantes como Lages, Itapema e Joinville. Segundo Rogério, os prefeitos geralmente negam essa hipótese de início, mas o poder público nessas cidades não tem condições técnicas ou financeiras para realizar o trabalho, por isso acaba repassando o serviço para empresas privadas. Mesmo assim, ressalta Rogério, elas não contam com a experiência e conhecimento acumulados pela Casan. “A Engepasa, em Joinville, leva dias para encontrar um vazamento que antes seria localizado em até cinco horas”, argumenta. O dirigente reconhece que, 30 anos depois de estabelecidos os primeiros contratos com os municípios, a companhia conseguiu colocar esgoto tratado para apenas 10% a 11% da população dessas cidades, em média, mas acha que a saída não é trocar. “Em Lages, o serviço foi privatizado há três anos e não foi colocado um metro de esgoto”, assinala. O assessor de Planejamento da Casan, Grover Alvarado, defende que o acervo técnico construído ao longo de 30 anos pela companhia “não pode ser jogado fora de uma hora para outra”. Grover argumenta que, em 1994, o governo federal fez um contingenciamento total dos recursos para as empresas de saneamento, impedindo os bancos de emprestar dinheiro ao setor. “Isso foi feito para abrir o caminho da privatização”, afirma. Segundo ele, como a opinião pública reagiu negativamente a essa idéia, a União desistiu de pressionar pela privatização, mas a falta de recursos continua. Uma alternativa que a companhia estaria apresentando aos municípios em fase de discussão da renovação do contrato é a gestão compartilhada. Metade dos lucros fica no município para o estabelecimento de um fundo voltado ao saneamento e um conselho municipal define as novas obras e investimentos. O governo municipal nega que haja intenção de privatizar os serviços. A Prefeitura informa, através de sua assessoria de comunicação, que ainda é cedo para discutir a renovação do contrato com a Casan, que continua tendo validade até 2007, mas assegura que não há até o momento proposta para repassar os serviços de de água e saneamento para a iniciativa privada.
20 de junho de 2006