20 de junho de 2006

Sul da Ilha abriga maior orquidário particular da capital

O orquidófilo Marcelo Vieira Nascimento tem 46 anos e começou a se interessar por orquídeas ainda aos 12, ao ler um livro sobre o assunto, que ele guarda até hoje. Começou sua coleção coletando flores nas matas da Ilha, o que hoje seria proibido por lei. Atualmente, seu orquidário, o Ilha Do Desterro, localizado em Carianos, no Sul da Ilha, possui mais de 5,2 mil vasos, de 45 diferentes espécies naturais e outras centenas de híbridos (produzidos por cruzamento). Em termos de tamanho, quantidade e qualidade das espécies, o Ilha do Desterro se constitui no maior orquidário particular de colecionador de Florianópolis e um dos mais importantes de Santa Catarina.
No início de junho, Nascimento informou que aguardava a chegada de mais 45 novas orquídeas a sua coleção, importadas da Tailândia. Uma orquídea sem florir pode custar pouco mais do que R$ 10,00, mas uma que já produziu flor de qualidade chega a valer entre R$ 200,00 a R$ 500,00, de acordo com Nascimento. O colecionador ressalva, no entanto, que sua atividade não tem finalidade comercial, sendo desenvolvida exclusivamente por paixão pela flor. Por isso mesmo, o orquidário não é aberto ao público, recebendo visitantes apenas eventualmente, com agendamento prévio.
A orquídea tem um apelo especial por suas espécies darem flor apenas uma vez por ano, ressalta ele, podendo inclusive variar de cor de um ano para outro. A flor teria se tornado conhecida ainda antes de Cristo, no Antigo Egito. Ele lembra que a única função de uma flor é perpetuar a espécie, que suas formas, cores e perfumes têm o propósito de atrair os agentes polinizadores, como insetos, “tanto que há uma espécie de orquídea com cheiro de carne podre”. Quando os primeiros exemplares foram encontrados e suas raízes desenterradas, foram observados bulbos em forma semelhante a sacos escrotais, que seriam usados para fazer chás afrodisíacos.
Há três mil anos, conta o orquidófilo, a Rainha de Sabá teria ficado em dúvida sobre como presentear o Rei Salomão e decidiu que só um feixe de orquídeas seria digno do maior dos reis. Uma espécie natural de orquídea, de acordo com ele, pode levar até sete ou oito anos para florir e isso só ocorre entre os meses de novembro e dezembro. Já os híbridos levam cerca de cinco anos e podem florescer a qualquer época. Por isso mesmo, são menos valorizados e atingem valores de no máximo R$ 60,00 na venda.
O colecionador garante que o cultivo de orquídeas não é tão complicado como pode parecer. As espécies podem ser cultivadas em casa ou mesmo apartamento, apenas não devem pegar vento direto nem ficarem em exposição total ao sol. Dependendo da espécie, elas podem receber de 30% a 50% da luz do sol, protegidas por telas com sombra. Caso a flor vá ficar num vaso de plástico ou barro, deve haver um furo embaixo e também nas laterais para a água escorrer.
Ele garante que está se tornando comum usar cascas secas de árvores, que devem ser bem rugosas para as raízes da planta se fixar. “Não é verdade essa história de que a orquídea é um parasita, pois se fosse assim ela não conseguiria sobreviver presa numa casca morta”, explica. O orquidófilo diz ainda que a planta tem mais chance de morrer por excesso de água que por falta, devendo ser molhada apenas três vezes por semana no verão e uma vez por semana no inverno. (Texto: Angelo Poletto Mendes/Redação JC. Foto: Divulgação/JC)