Um clima de insegurança paira sobre algumas centenas de famílias que residem no Campeche, no entorno da Lagoa da Chica. Isso porque no início deste ano oito moradores de uma rua local teriam sido intimados a desocuparem seus imóveis, em decorrência da execução de uma ação de reintegração de posse, que teria transitado em julgado, em benefício de um administrador de empresas residente em São Paulo. Os imóveis atingidos representariam, no entanto, apenas uma fração do todo requerido pelo administrador, que pleiteia a reintegração de posse de uma área de cerca de 25 hectares (250 mil metros quadrados), que incluiria a própria Lagoa da Chica. A advogada Celina Rinaldi, que representa alguns dos moradores atingidos, entende que os verdadeiros réus da ação de reintegração são os vendedores dos imóveis e não os atuais moradores, que desconheciam quaisquer imbróglios na hora da aquisição dos imóveis, alguns adquiridos há quase duas décadas. Por isso, impetrou ação contestando a desapropriação e aguarda manifestação da Justiça. Rinaldi argumenta ainda que a documentação que comprovaria a posse da área por parte do administrador, que abrangeria em torno de 700 imóveis, é passível de questionamentos. O corretor André Lanes, que representa os interesses do administrador Marcelo Pereira Daura, diz que a área em questão não abriga mais do que 350 imóveis, e garante que Daura possui escrituração pública da área desde meados dos anos 70. O corretor assegura, contudo, que o administrador não está inflexível e admite negociar com os atuais moradores da área. Lanes afirma ainda que os herdeiros dos proprietários que teriam vendido as terras a Daura, nos anos 70, são vivos e podem comprovar a veracidade do negócio. (Foto: Luís Prates/Divulgação/JC)
28 de julho de 2006