Enquanto outras atividades de criação tradicionais de Santa Catarina como as de aves e suínos enfrentam dificuldades para manter seus mercados, a maricultura cresce e se estabelece cada vez mais como uma alternativa para geração de renda, que tem no Sul da Ilha seu principal pólo estadual. Prova da força do setor na região é a Festa Nacional da Ostra (Fenaostra), a única do gênero no país, que neste ano será realizada entre os dias 20 e 27 de outubro, no centro de convenções da capital (CentroSul). A Prefeitura, responsável pela organização do evento, espera superar a marca do ano passado, quando a festa atraiu mais de 100 mil visitantes, o equivalente a quase um terço de toda a população da cidade. O evento reúne atrações artísticas, artesanato, curso gastronômico e restaurantes com pratos típicos, num total de 75 estandes. A gerente de Eventos e Serviços do Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis, Daniela Secco, explica que a festa foi criada com os objetivos de alavancar a atividade, movimentar a economia local e mostrar a pessoas de fora a força do artesanato local e da cultura açoriana. A dirigente garante que o evento, que se encontra na sua oitava edição, tem mostrado excelentes resultados. “A Fenaostra está consagrada como parte do calendário anual da cidade”, assinala. Dentro da programação, está prevista a vinda de doutores e mestres em maricultura para dar palestras no local, dar orientação aos produtores e incentivar as pessoas a se interessar pela atividade. O coordenador de Maricultura da Prefeitura, Celso Andrini, explica que a maricultura está enquadrada nos Planos Locais de Desenvolvimento de Florianópolis. A capital, juntamente com Palhoça, na Grande Florianópolis, responde por 95,67% da produção estadual de ostras. Somente no ano passado, a capital colheu 1.056,38 toneladas de ostras, e 1.118,1 toneladas de mexilhões. Enquanto as ostras tiveram neste ano uma queda de 32% sobre a safra anterior, motivada por temperaturas acima do normal durante o cultivo, no caso dos mexilhões houve crescimento de 129,25%. A expectativa para a próxima colheita de ostras é de que volte a haver aumento. Do total de ostras geradas em 2005, a Baía Sul da Ilha foi responsável por 745.380 toneladas, mais que o dobro da Norte, que contribuiu com 302 mil toneladas. Somadas, as ostras e mexilhões trouxeram para a capital uma movimentação econômica de R$ 6,4 milhões, para um total de 161 produtores. Estima-se que as atividades geram dois mil empregos indiretos.. Andrini lembra que a maricultura é uma atividade considerada recente, dos últimos 20 anos. Ele explica que a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República solicitou planos para orientar e regulamentar essa cultura. “Atualmente vem sendo aplicada a legislação da pesca, mas são atividades diferentes”, esclarece o coordenador. Entre as definições a serem estabelecidas, estão os locais próprios para o cultivo. “Isso poderá resultar no remanejamento de produtores para outras áreas, pois algumas regiões hoje usadas para a maricultura poderão ser consideradas inadequadas por questões ambientais, uso de água em território da Marinha”, informa Andrini. Segundo ele, ainda não há previsão de quando essas regras deverão ser colocadas em vigor. (Reportagem: Alexandre Winck/Especial/JC). (Foto: Luís Prates/Divulgação/JC)
12 de setembro de 2006