O Núcleo Espírita Nosso Lar e Centro de Apoio ao Paciente com Câncer (CAPC), que há mais de oito anos presta um serviço de alta relevância social e humanitária para portadores da doença, vem enfrentando dificuldades para manutenção de suas atividades no Ribeirão da Ilha. Segundo a advogada do núcleo, Selma Botto Guimarães Gevaerd, o motivo é a redução de doações para gerir a unidade, após a descoberta de desvio de contribuição praticado por Organizações Não Governamentais (ONGs) fraudulentas, uma delas com denominação similar ao CAPC e escritório no vizinho município de São José. Conforme ela, o problema surgiu em dezembro, quando a polícia do Paraná prendeu 16 pessoas ligadas a essas entidades fraudulentas, sob a acusação de fazerem parte de um esquema de enriquecimento ilícito através do desvio de doações. A ação teve ampla repercussão nos meios de comunicação, inclusive na Rede Globo. “Depois das denúncias, muitas pessoas pediram para cancelar o desconto, achando que a nossa ONG era a que estava sendo acusada”, lamenta. A advogada conta que, muito antes da descoberta das fraudes, a entidade do Ribeirão da Ilha já entrara com pedido junto à Câmara de Vereadores para revogação da lei 4.254, que conferia à ONG fraudulenta o status de entidade de utilidade pública. “Tentamos várias vezes obter providências do Ministério Público, mas sempre alegavam que não podiam fazer nada por causa da lei”, conta. A advogada assinala ainda que funcionários de telemarketing da entidade de São José agiam de má-fé e alimentavam a confusão, confirmando quando as pessoas perguntavam se a contribuição seria para a ONG do Ribeirão da Ilha. A entidade acusada de desvio, conforme ela, trabalha com vários operadores que ligam para as pessoas solicitando doações e encaminham motoboys para fazerem o recolhimento, prática não utilizada pelo Núcleo Espírita. No caso da ONG do Sul da Ilha, quando o interessado autoriza a doação, os descontos são feitos diretamente na conta telefônica. A dirigente informa que a entidade do Ribeirão atende gratuitamente uma média de 50 pacientes semanalmente. Às segundas-feiras, é feita triagem e exames. Entre terça e quinta-feira, as pessoas recebem medicação gratuita e alimentação. O tratamento inclui grupos de terapia, palestras médicas e passeios ao campo, e na sexta-feira são realizadas cirurgias espirituais. O trabalho é quase todo feito por voluntários. “Nosso objetivo é tratar tanto o aspecto físico quanto o emocional, que muitas vezes é o que leva a pessoa ao câncer”, assinala. Ela garante que, embora a entidade seja espírita, não é repassada nenhuma doutrina religiosa e as crenças individuais de cada paciente são respeitadas. (Foto: Divulgação/JC)
23 de janeiro de 2007