12 de março de 2007

Boca da Bernunça, novo palco das artes no Sul da Ilha

Na era da globalização, em que cada vez mais a cultura, costumes e gostos se tornam homogeneizados, são mais importantes do que nunca iniciativas para preservar o que uma comunidade tem de próprio e singular. Essa é a principal proposta Boca da Bernunça Epicentro Cultural, espaço criado na há pouco mais de dois meses na Rodovia Francisco Tomaz dos Santos, Armação, por um grupo de artistas e ativistas culturais da região. Além de reunir a diversidade cultural do Sul da Ilha, o projeto almeja gerar oportunidade de trabalho e renda, para que os artistas da região possam viver do que fazem. Só no primeiro mês de atividades, o novo espaço recebeu mais de 500 visitantes. “A população local tem respondido de forma muito positiva”, assinala a presidente da Associação de Cultura e Arte do Sul da Ilha (Acaci), Tatiana de Conto Sangalli. “É preciso criar novas opções de sustento, a pesca artesanal no Sul está acabando e o turismo só existe na temporada”, propõe. A Boca reúne atualmente cerca de 130 “trabalhadores da arte”, como a presidente da entidade os define. O espaço, que tem 550 metros de área coberta, inclui exposição permanente e venda de obras de arte e artesanato, além de oficinas de artes, desenho, pintura, cerâmica para iniciantes, escola de circo e as publicações da Editora Cobra Coralina, do jornalista Fernando Alexandre. Segundo Tatiana, a proposta seguida pelo espaço é a da chamada antropofagia cultural. “Pegamos elementos tradicionais como a brincadeira do boi-de-mamão e o trazemos para a Boca de forma modificada, na qual as crianças entram e participam”, conta. Entre as obras expostas no local estão esculturas feitas por deficientes visuais e outras feitas com galhos e troncos de árvores. “Damos utilidade ao que é descartado”, explica. A Boca da Bernunça foi fundada por 10 membros da associação, formada por artistas e artesãos do Sul da Ilha.Tatiana ressalta que o espaço cultural foi viabilizado sem ajuda de patrocinadores. “Fizemos com as nossas próprias mãos”, assinala. O imóvel que sedia o espaço era um antigo mercado, que estava fechado há três anos. (Foto: Luís Prates/Divulgação/JC)