Além do monitoramento via satélite da produção, outra inovação em curso na maricultura da capital e do próprio estado, envolve a captura das sementes de marisco. Um projeto desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), em parceria com universidades, está estimulando a substituição do tradicional método de retirada direta dos moluscos dos costões, considerado prejudicial à preservação da espécie e perigoso ao produtor, pelo uso dos coletores de semente, que podem ser feitos com materiais recicláveis, inclusive as tradicionais garrafas plásticas de refrigerante. Os sistemas coletores consistem na colocação na água de cabos, que flutuam com a ajuda das garrafas pet, que por sua vez ficam instalados ao longo das fazendas marinhas. Após alguns meses, estes coletores são retirados normalmente repletos de sementes de mariscos, que são extraídas e encaminhadas para cultivo em cativeiro. De acordo com informação da Associação dos Maricultores do Sul da Ilha (Amprosul), a captação através deste sistema já representaria próximo de 50% do total da produção de sementes, com perspectivas de ampliação. Dirigentes da entidade garantem ainda que, além de reduzir o impacto ambiental, o novo método de coleta também gerou novos empregos na região, já que a confecção dos cabos costuma ser feita pelas próprias mulheres e familiares dos maricultores. A implantação do projeto foi viabilizada após a realização de pesquisas, desenvolvidas por técnicos da Epagri com apoio das universidades, na capital e em outros cinco municípios da Grande Florianópolis: Palhoça, Governador Celso Ramos, Penha, Bombinhas e São Francisco do Sul. O principal empecilho para a expansão do novo método de coleta, de acordo com o supervisor do Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC, Jaime Ferreira, é que através dele a obtenção das sementes pode demorar às vezes até seis a oito meses, o que gera resistência quanto à adoção por parte de produtores, que querem resultados mais rápidos. Apesar do sucesso da iniciativa, a coleta de mariscos nos costões, contudo, não deve ser totalmente interrompida no estado. Em algumas regiões, como na Enseada do Brito, em Palhoça, os pesquisadores constataram dificuldade na fixação das larvas em coletores. (Foto: Luís Prates/Divulgação/Arquivo/JC)
27 de julho de 2007