A temporada de visitação das baleias-franca, que se estende até novembro no litoral Sul do Brasil, tem tudo para bater um novo recorde ou pelo menos repetir o desempenho do ano passado, considerado o mais impressionante dos últimos anos, com a aparição de mais de 200 baleias. Só nos dois primeiros sobrevôos realizados por biólogos do Projeto Baleia Franca neste ano, em julho e agosto, já tinham sido avistadas nada menos do que 139 baleias na costa Sul. As praias do Sul da Ilha têm sido contempladas com aparições freqüentes de baleias-francas e existem registros de aparições até no Norte da Ilha neste ano. A bióloga Rosângela Karina Grock, coordenadora do Projeto Baleia Franca, que em 2007 comemora 25 anos de existência, considera a presença recorde da Franca uma vitória, pois no início da década de 80, quando os pesquisadores começaram a iniciativa, a espécie havia praticamente desaparecido do litoral catarinense. Em 82, teria havido apenas dois avistamentos, ao passo que atualmente a população da Franca cresce a uma média de 14% ao ano. A bióloga salienta, contudo, que essa recuperação da população de baleias foi fruto de um longo trabalho de conscientização da população, principalmente entre os pescadores. Grande parte da caça de baleias, que quase levou-as à extinção, era motivada pela retirada do óleo e gordura, usados para iluminação e na construção civil, como liga na argamassa. Diversas construções antigas da Ilha, incluindo edificações tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico Municipal, foram feitas com gordura de baleia. “Não há mais necessidade, pois se usa outros materiais para esses fins”, comenta Karina. Mesmo assim, somente quatro anos depois do início do projeto, em 1986, foi estabelecida a lei federal 7.643, que desde então proíbe a caça aos cetáceos em águas brasileiras. (Foto: Luís Prates/Divulgação/JC)