Cerca de oito meses foi o tempo que durou o audacioso projeto da Boca da Bernunça Epicentro Cultural, um espaço para apresentação de espetáculos artísticos e realização de oficinas de artes e afins idealizado por um grupo de artistas e ativistas culturais independentes do Sul da Ilha, que funcionava desde meados de dezembro num amplo prédio localizado na Praia da Armação, no Sul da Ilha. Sufocado pelas dificuldades financeiras para custear a manutenção do prédio, onde há alguns anos funcionara um supermercado, o “Boca” fechou suas portas no dia quatro de agosto. A melancolia, no entanto, não deu o ar de sua graça na despedida. Pelo contrário, o encerramento das atividades do espaço, que promoveu 37 eventos e recebeu cerca de 10 mil visitantes ao longo de seu curto tempo de vida, foi marcado por uma festa da melhor qualidade, reunindo apresentações circenses, de dança, percussão e shows de bandas locais. Mantido pela Associação de Cultura e Arte do Sul da Ilha (Acasi), o espaço abrigava galeria de artes, loja de artesanato, livraria, café e oficinas de cerâmica, desenho e pintura, entre outras. O naufrágio do projeto, de acordo com a presidente da associação, Tatiana de Conto Sangalli, se deu pela dificuldade na obtenção de apoios para sua manutenção. A entidade não conseguiu se credenciar á obtenção de incentivos do governo municipal e também não teve atendidos pleitos de apoio junto à Eletrosul e Sebrae, entre outros órgãos. Com isso, não suportou o custo de quase R$ 3 mil mensais entre aluguel, água, luz e telefone, que era mantido exclusivamente com a mensalidade de seus associados e com a renda advinda de apresentações artísticas no local. (Foto: Luís Prates/Divulgação/JC)
14 de setembro de 2007