Visitar as tradicionais igrejas do Sul da Ilha é uma excelente opção para quem quer conhecer um pouco da religiosidade, história e cultura da região. Apesar de sofrerem com a deterioração, descaracterização e muitas vezes até roubos e ainda enfrentarem dificuldades para receberem obras de manutenção e restauração adequadas, os templos religiosos do Sul da Ilha ainda oferecem aos visitantes uma ótima perspectiva da identidade regional. As quatro principais igrejas, em termos históricos, ficam localizadas no Pântano do Sul, Armação, Ribeirão da Ilha e Campeche. Destas, a que se encontra talvez em pior situação, em termos de identidade histórica, é a Igreja de São Pedro, no Pântano do Sul, que teve a antiga capela demolida na década de 80, porque ainda não havia sido tombada pelo Patrimônio Historico Municipal. O coordenador do Conselho Pastoral da Comunidade, Francisco Manuel Oscar Neto, diz que volta e meia a comunidade conversa sobre a possibilidade de restaurar pelo menos a antiga fachada da igreja e colocar uma cruz no topo, como era tradição, mas esbarra na falta de recursos. “A parte histórica foi derrubada, mas a nova está em bom estado e passou por reforma recente”, informa A igreja, inaugurada em 1871, tem capacidade para 400 pessoas e faz seus cultos aos domingos. Também passa por dificuldades a Igreja de São Sebastião, do Campeche, inaugurada em 1840. A coordenadora do conselho pastoral, Jupira Silva da Costa, conta que uma reforma chegou a ser feita com apoio do IPUF, mas se resumiu a uma pintura mal-acabada. Ela diz que o assoalho e forro estão apodrecendo, há telhas quebradas e o salão, para 400 pessoas, precisa ser ampliado. “Não podemos fazer nada porque o IPUF alega que a igreja é tombada pelo patrimônio, mas também nunca há verba para reformar”, lamenta. Jupira conta que a igreja foi construída por escravos e conta com imagens antigas, incluindo uma de São Sebastião, de grande valor para a comunidade, que comparece aos cultos aos sábados. Já a Igreja de Sant´Ana, na Armação, teve a felicidade de passar por uma reforma e ampliação recente. A igreja, inaugurada em 1772, teve uma restauração há cinco anos e uma manutenção há dois anos. O coordenador do conselho pastoral, Mauri Aroldo Thomaz, conta que, entre os trabalhos realizados, agora é possível ver a construção original com o recorte de parte da alvenaria, expondo a parte feita com derretimento de óleo e gordura de baleia e os ossos esfarelados para servir como cal.Conta também com quadros doados pela artista Vera Sabino. Há uma imagem original de São Joaquim e uma nova de Sant´Ana feita em substituição à antiga, que foi roubada. As duas laterais foram ampliadas e deram à igreja capacidade para 150 pessoas durante os cultos dominicais. “A manutenção desse patrimônio é fundamental para que nossos filhos e netos saibam como iniciou a história da comunidade”, lembra Mauri. (Foto: Luís Prates/Divulgação/JC)
26 de dezembro de 2007