As chuvas que castigaram a capital no mês passado, principalmente na segunda quinzena do mês, transformaram algumas ruas do Campeche, especialmente a Rua José Elias Lopes, em Areias do Morro das Pedras, numa miniatura de Nova Orleans, a cidade norte-americana inundada recentemente após a passagem do Furacão Katrina. A localidade, que abriga dezenas de residências, ficou literalmente sob um macabro coquetel de água da chuva misturado com a água de esgotos que vazaram, numa situação calamitosa que levou ao desespero boa parte dos dos moradores. Mesmo após uma semana do alagamento, as águas não cediam e a Prefeitura teve que intervir para aliviar o sofrimento dos moradores, inicialmente com caminhões de sucção e, posteriormente, até com uma draga para remover a água que permanecia sobre a rua. Alguns moradores deixaram suas casas e buscaram abrigo na residência de parentes. Os que ficaram, tiveram que suspender os móveis e suportar o aroma fétido das águas paradas, além de conviver com o risco de doenças. “Moro aqui há 18 anos e nunca tinha passado por uma situação tão dramática”, lamentava o músico Edílson Gonçalves. “Estamos vivendo literalmente no meio da merda”, enfatizou. Gonçalves revela que já é a terceira vez nos últimos três meses que a rua fica completamente alagada. “O lençol freático tá saturado, é preciso fazer um canal de escoamento para resolver o problema”, assinalou. O morador teme que uma nova chuva volte a alagar a rua, caso não sejam tomadas providências urgentes. “Provavelmente, assim que eles secarem a rua vão retirar a draga daqui e vamos ficar desprotegidos novamente”, ressaltou. O morador critica também o modelo de drenagem que está sendo implantado na rua, incluída na Operação Tapete Preto. “Esse sistema de caixas de drenagem é precário e não resolve o problema”, afirmou. O engenheiro Roberto Pinheiro, dono de terreno na Rua Emanuel Pedro Peluso, vizinha à José Elias Lopes, atribui a culpa pelo alagamento à Intendência local, que teria enchido a rua de brita, provocando desnível que conduz a água da chuva para as residências. “Esse tipo de alagamento nunca tinha ocorrido antes, esse excesso de brita canalizou a água para as casas”, reforçou. (Foto: Mauro Vaz/Divulgação/JC)
17 de novembro de 2005