14 de setembro de 2007

Proposta de ocupação do antigo campo de pouso gera polêmica

O destino do antigo campo de pouso do Campeche voltou a provocar inquietação na comunidade. A causa é uma recente proposta originária da Base Aérea de Florianópolis, que propõe a cessão de uma fração de 50 mil metros quadrados para uma entidade civil, que construiria no local um centro de lazer para oficiais da Aeronáutica, destinando os restantes cerca de 270 mil metros quadrados para uso comunitário. Apesar de atender parcialmente a um antigo anseio da comunidade, que é a criação de uma ampla área de lazer no local, o presidente da Associação de Moradores do Campeche (Amocam) e suplente do Núcleo Distrital do Campeche no Plano Diretor Participativo, Ataíde da Silva, não vê com bons olhos a proposta. Segundo Silva, o motivo é que a área pretendida para a construção do centro de lazer privativo abrangeria justamente a parte nobre do terreno, junto à Avenida Pequeno Príncipe, reservando para uso público áreas de menor valor, alvo inclusive de ações judiciais de reintegração de posse de algumas entidades sociais e desportivas, que as utilizam para suas atividades. Ataíde alega que existe ainda o temor de que a área reservada para o tal clube possa vir a ser vendida futuramente à iniciativa privada ou repassada à Prefeitura. “Nada nos garante que amanhã ou depois a entidade que vai receber a área não seja desfeita e o terreno vendido para particulares”, ponderou. O comandante da Base Aérea de Florianópolis, José Carlos da Silva Júnior, afirma que a idéia é nova e a discussão ainda está em estágio incipiente. “Ainda não é uma proposta oficial da Base Aérea, estamos apenas conversando sobre a possibilidade”, comenta. O comandante alega, contudo, que o terreno pertenceria, de fato, à Base Aérea. “A Aeronáutica faz parte da União, temos e vamos continuar a ter o direito de utilizar a área, não vamos vender nem repassar para a Prefeitura”, afirma. O comandante admite que existem ações judiciais relacionadas ao terreno, mas garante que elas não têm fundamento. “Ninguém vai ganhar uma ação de usucapião contra a União, isso não existe”, assegura. O dirigente lembra que o terreno tem ao todo 320 mil metros quadrados, por isso haveria espaço mais que suficiente para o aproveitamento da comunidade. Argumenta que a criação de um clube de lazer no local é importante, pois a Aeronáutica recebe constantemente visita de oficiais de outras cidades e estados. O comandante reconhece que a parte que ficaria para a Aeronáutica fica no melhor trecho do terreno, mas enfatiza que, por ser área da Base Aérea, é natural que ela tenha essa prerrogativa. “Estamos dispostos a permitir que a comunidade utilize 270 mil metros quadrados, ao invés de olhar para os aspectos positivos as pessoas ficam procurando coisas negativas”, pondera. (Foto: Luís Prates/Divulgação/JC)