20 de setembro de 2021

GRUPO sai a campo no combate a esgotos irregulares no Campeche

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

A promissora temporada que se avizinha deve provocar também muita dor de cabeça para os moradores do Campeche e região. Embora ostente a condição de bairro mais badalado da capital já há alguns anos, o Campeche é paradoxalmente também o menos contemplado com investimentos em obras de saneamento. Iniciada há nada mais do que 13 anos, a prometida rede de esgoto do bairro até hoje não passa de um monte de cano enterrado, que leva nada para lugar nenhum.
Com a geométrica expansão imobiliária e populacional – estimativas dão conta de que a população do bairro duplicou nos últimos quatro anos, e seria hoje de mais de 30 mil habitantes – pipocam quase todos os dias denúncias de lançamentos irregulares, extravasamento de fossas sépticas residenciais e comerciais e mesmo descartes ilegais, entre outros ‘crimes’ ambientais por toda a região.
Para tentar enfrentar esse quadro dramático, o Campeche ganhou há pouco mais de quatro anos um movimento comunitário denominado SOS Campeche Praia Limpa, uma espécie de ‘esquadrão informal’ integrado por cerca de 200 abnegados moradores locais, que interagem e se mobilizam para ir a campo a cada denúncia de irregularidade. O movimento tem contabilizado algumas importantes vitórias na sua missão.
“Vários empreendimentos se enquadraram e não poluem mais, depois de denúncia nossa”, assinala Maria Lúcia Chagas, ex-presidente da Associação dos Moradores do Campeche (Amocam) e uma das mais ativas integrantes do movimento. A constatação da infração, notificação e interdição efetiva dos infratores cabe aos órgãos municipais, mas geralmente esse desfecho só é desencadeado após recebimento de denúncia.
O programa municipal “Se Liga na Rede”, alerta ela, seria inclusive contraproducente no que tange ao Campeche. “Aqui não existe rede ativa, e como tem muito morador novo, isso acaba mais confundindo do que ajudando”. Existiriam indícios inclusive de que boa parte da rede de tubulação de esgoto inativa instalada no bairro há vários anos já estaria comprometida por esgotos. “Quando retomarem as obras da rede, provavelmente muita coisa terá que ser refeita”.
A líder comunitária defende a adoção de campanhas de esclarecimento à população sobre situação do bairro, fiscalização mais constante e programas de incentivo para adoção de sistemas sanitários nas residências. “A impressão que temos é que estão apostando no caos para que a população do bairro aceite a imposição desse famigerado emissário de esgoto; se isso acontecer, acaba com o Campeche e com o nosso turismo”.
(Foto: Divulgação/Arquivo/JC)