15 de outubro de 2016

CAMPECHE abriga horta comunitária modelo no município

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Conhecida por suas posições de vanguarda na luta contra a aprovação de um plano diretor predatório e em defesa da sustentabilidade da região, a comunidade do Campeche saiu na frente mais uma vez e implantou a primeira horta-comunitária da capital. Maior do gênero na cidade, o projeto instalado numa área de quase quatro mil metros quadrados, dentro da área do futuro Parque Cultural do Campeche (Pacuca), caminha para seu primeiro aniversário.foto-horta-campeche
Um dos voluntários que atuam no projeto, o incansável ativista comunitário e atual vice-presidente da associação de moradores do bairro, Ataíde Silva, destaca que a horta já se tornou referência na região, recebendo visitas constantes de grupos de alunos de escolas locais, moradores da região e muitos estrangeiros. A manutenção e cuidados com as centenas de hortaliças, legumes e até frutas produzidas no local é feita por um grupo de voluntários.
O destino dado à maior parte da produção da horta local, conforme Ataíde, são as entidades assistenciais voltadas à população carente, mas qualquer visitante que passa pelo local também acaba levando algum quinhão. Entre os itens produzidos no local estão alface, rúcula, repolho, tomate, rabanete, couve, batata-doce, temperos, além de frutas como morango, melão e uva, e até milho e mandioca. Todos os itens são produzidas sem o uso de agrotóxicos.
Além da bucolismo da atividade, da geração de alimentos a baixo custo e da benemerência, por trás do projeto está uma questão ainda maior, que é a solução para o destino dos resíduos orgânicos produzidos na capital, que representam quase 50% do volume total de lixo descartado diariamente na capital. Isso significa uma despesa anual para o município de cerca de R$ 15 milhões, que poderiam ser aplicados na infra-estrura urbana, saúde e educação, entre outros.
Desenvolvido em parceria com a Comcap, a horta comunitária é toda nutrida com adubo produzido a partir de compostagem com resíduos orgânicos coletados na capital. O presidente da Comcap, Marius Bagnatti, revela que a empresa cede o adubo, sementes, cepilho (restos de poda triturados) – que servem para nutrir e proteger os canteiros -, insumos para a terra e até mesmo empresta ferramentas e pessoal para estruturação das hortas.
O composto, cepilho e insumos são entregues no próprio local. No Campeche, o processo foi facilitado, destaca ele, pela existência da empresa Destino Certo, voltada à reciclagem de resíduos orgânicos. Na cidade, existem mais outras duas hortas deste tipo ativas, no bairro Daniela e no recém-inaugurado Jardim Botânico, e outra na iminência de ser implantada, no Monte Verde. Só na horta do Jardim Botânico, bastante modesto em relação à do Pacuca, foram colhidos recentemente dois mil pés de rúcula e rabanete,
“A horta do Pacuca foi nossa primeira experiência comunitária na cidade e que desencadeou a idéia de avançar nesse projeto”, comentou. Para a Comcap, explica ele, as hortas funcionam como uma espécie de vitrine para conscientizar a população sobre a importância da separação e reciclagem do lixo.
O objetivo final, destaca ele, é obter a curto e médio prazo a redução gradual da coleta, das despesas com movimentação de resíduos e do próprio passivo ambiental resultante deste processo. Para obter o  incentivo da Comcap, o requisito é que parta de uma comunidade organizada e que a horta seja instalada em área pública. (Foto: Divulgação/Arquivo/JC)