15 de outubro de 2016

CAPITAL projeta atrair dois milhões de visitantes na temporada 2017

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Às vésperas da primeira temporada após a catastrófica enxurrada de dejetos que castigou a badalada praia de Canasvieiras, no Norte da Ilha, manchando a imagem da capital catarinense em nível nacional e até no exterior, começou na mídia local o período de especulações acerca do número de visitantes que deve passar pela capital e litoral catarinense no próximo verão..foto-temporada-foto-basilio-ruy
Inobstante a vergonha que foi o episódio, o governo estadual não se acanhou, saiu na frente e já acionou sua ‘bola de cristal’. Através da Santur (Santa Catarina Turismo), – braço da Secretaria Estadual de Turismo -, aposta num incremento de 20% no número de visitantes, projetando praias abarrotadas de brasileiros e argentinos.
A dramática crise que assola o país, com desemprego acachapante e um governo substituto desacreditado – quadro similar ao vivido aliás pelos vizinhos argentinos -, parece não intimidar os cartomantes de plantão. Se a fantástica previsão se confirmar – oxalá Mãe Dinah -, passarão pela capital nada menos do 2,28 milhões de visitantes, entre dezembro e março, já que no ano passado, conforme dados da Secretaria Municipal de Turismo, a cidade teria recebido cerca de 1,9 milhão de visitantes neste período.
Em todo o estado, a vingar as previsões, serão quase 10 milhões de visitantes. Os dados que embasam as projeções são técnicos, vêm das operadoras de turismo – espécie de macro-agências que alimentam as agências de turismo -, e do número de vôos previstos durante o período para a região, oriundos de tradicionais pólos emissores de turistas.
Conforme dados da Santur, já teriam sido aprovados quase 400 vôos charters da Argentina para o estado, e mais de meia centena do Chile, entre outros. Apesar da devastadora crise argentina, a Secretaria estadual de Turismo acredita que o câmbio favorável aos estrangeiros, com a desvalorização do real, será determinante para atrair novamente muitos hermanos.
No ano passado, segundo projeções oficiais, teriam passado pelo estado na temporada em torno de 1,1 milhão de argentinos. A expectativa é de que também cresça o número de visitantes nacionais, nesse caso paradoxalmente em função da própria crise, que desestimula as viagens ao exterior e deve dar uma mãozinha novamente para o turismo interno.
Fora do carpete dos gabinetes, no entanto, as previsões são bem mais pés no chão. O comerciante Arante Monteiro Filho, dono de um dos mais antigos e badalados restaurantes de praia da capital, situado no Pântano do Sul, considera que repetir o desempenho do ano passado já será uma vitória para quem vive do turismo. “A nossa esperança de novo são os argentinos, porque com essa crise a tendência é de uma queda grande no volume de brasileiros”, assinala.
O comerciante adverte que é preciso sopesar muito bem esses números, principalmente no que tange aos pequenos  empreendedores, para não ser induzido a investimentos arriscados. Monteiro acredita, por outro lado, que o Sul da Ilha será novamente o destino mais procurado pelos visitantes que passarem pela capital, principalmente depois do episódio do vazamento de esgoto que castigou o Norte da Ilha no verão passado.
Com base nos dados oficiais, o Sul da Ilha bateu recorde de visitantes na temporada passada, recebendo quase 200 mil visitantes – conforme estimativas históricas a região costuma absorver entre 8% e 12% do total de visitantes que passam pela capital. O maior volume, contudo, quase metade desse contingente, costuma se concentrar no período entre o pós-Natal e meados de janeiro. No Reveillon passado, o tradicional show de fogos do Campeche chegou a rivalizar com o da capital em termos de beleza e duração, prestigiado por milhares de moradores e visitantes. O Sul da Ilha abriga algumas pérolas da natureza, como a Praia do Matadeiro (foto), vizinha à Armação, tradicional reduto de surfistas e um público mais descolado.  (Foto: Basilio Ruy/Divulgação/Arquivo/JC)