30 de janeiro de 2023

TURISMO avança e acende sinal de alerta para perigo que ronda região

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Com forte presença de argentinos, além de muitos chilenos e outros estrangeiros, inclusive europeus, – além do tradicional grande número de turistas nacionais -, o Sul da Ilha e também a capital vivem uma das melhores temporadas dos últimos anos. Até mesmo a projeção de crescimento de 20% sobre a última temporada antes da pandemia já teria ficado para trás. “O movimento mais do que dobrou até agora em relação ao verão de 2020, e o Sul da Ilha vem despontando nesse cenário”, garante o ex-superintendente de Turismo da capital, Vinícius de Luca, que cuidou de toda a preparação do receptivo para a temporada e deixou o governo no começo de janeiro.
Só de argentinos, público cobiçado por sua tradicional estadia mais longa, a estimativa é de que aproximadamente 150 mil passem por Florianópolis até o final da temporada. “Até meados de janeiro, mais de 80 mil já tinham entrado na Ilha”, garantiu De Luca, com base no número de voos e passagem pelas aduanas terrestres. Desde meados de 2022, a capital conta com nada menos do que nove voos diários da Argentina, de Buenos Aires, Rosário e Córdoba, trazendo cerca de180 passageiros cada um.
Donos de restaurantes acreditam que esta é a melhor temporada dos últimos 10 anos, no Sul da Ilha. “Mesmo o movimento que costuma ter uma queda mais forte após meados de janeiro, neste ano baixou muito pouco; temos grande expectativa de uma temporada mais linear até o Carnaval”, comemora o empresário Pedro Luiz Prando, do famoso Sufoco’s Bar, no Campeche.  “Os argentinos felizmente apareceram em grande número, depois de muitos anos; está sendo realmente uma temporada excelente”, reforça Arante Monteiro, dono de conhecido restaurante no Pântano do Sul.
Além de suas badaladas praias e atrações naturais, que já vinham levando a região gradativamente à liderança do turismo na capital, o movimento no Sul da Ilha teve expansão adicional nesta temporada também por conta de uma macabra situação, que foi notícia em todo Brasil e Cone Sul: a tenebrosa enxurrada de dejetos que atingiu Canasvieiras e contaminou a maioria das praias do Norte da Ilha. Premidos pelo desastre, que gerou até surto de diarreia na região, muitos turistas partiram para outras praias da Ilha, e mesmo outros balneários do estado.
  Logo após o desastre, que ocorreu no início de janeiro, turistas passaram a lotar as praias do Sul da Ilha. “Não chegou a haver uma debandada do Norte da Ilha”, ressalva De Luca, “mas muitos turistas que permaneceram hospedados por lá decidiram sair e conhecer também outras praias da Ilha”. Com vasto acervo de praias de mar grosso (menos suscetíveis à poluição), como Campeche, Morro das Pedras, Açores e Solidão, entre outras, o Sul da Ilha acabou angariando a maior parte desse contingente.
“Esse lamentável episódio levou mais turistas para o Sul da Ilha, não há dúvida, mas a região já vem registrando uma expansão natural por merecimento, por conta do incremento de sua estrutura turística como um todo, não só de praias”, assinala o presidente do Conselho Estadual de Turismo e ex-presidente da Santur, Leandro Mané Ferrari. “Mesmo com tudo isso que aconteceu, estamos tendo uma das melhores temporadas dos últimos anos em todos os destinos turísticos do estado”, assinalou. (Foto: Milton Ostetto/Divulgação/JC)