22 de janeiro de 2024

SANEAMENTO é maior desafio para preservar futuro turístico da região

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Em meio a uma expansão geométrica sem precedentes, estimulada pelas novas e mais permissivas regras de política urbana, o saneamento é sem dúvida o principal desafio para evitar o colapso do Campeche e Sul da Ilha como núcleo urbano e destino turístico, suplantando até mesmo o risco de escassez de água. Isso porque a falta de saneamento – cuja solução ainda não se vislumbra mesmo a médio prazo -, está interligada, comprometendo o lençol freático regional, fonte usada para complementar o abastecimento de água de uma população estimada em mais de 150 mil habitantes, nas costas Leste e Sul da Ilha.
A fonte principal é ainda a Lagoa do Peri que, no entanto, enfrenta estiagens cíclicas e tem sua capacidade de fornecimento limitada. A Casan garante que o abastecimento regional não corre riscos, porque estaria na iminência de concluir a interligação do Sul da Ilha ao Sistema da Grande Florianópolis, permitindo o ingresso de insumo oriundo do Sistema Cubatão, que abastece a Grande Florianópolis. Porém, recentemente a empresa foi flagrada prospectando poços até mesmo dentro do Parque Cultural do Campeche (Pacuca), no coração do bairro, mostrando que a situação não aparece assim tão ‘confortável’.
A boa notícia, se é que se pode dizer assim, é que finalmente devem reiniciar finalmente as obras da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), do Rio Tavares, crucial para viabilizar a operação da até hoje inacabada rede de esgoto do Campeche, iniciada há quase 16 anos. “A obra já está contratada e nossa expectativa é que os trabalhos comecem ainda antes do Carnaval’, informou o diretor de Operação e Expansão da Casan, Pedro Joel Hortmann. A partir do reinício efetivo dos trabalhos, as estimativas são de que a conclusão se dê no prazo de 18 meses, envolvendo obras civis e instalação de equipamentos para operar.
Paralelamente, a Casan precisará abrir nova licitação para finalizar a instalação da rede de tubulações do Campeche, que levará o esgoto bruto à ETE e permitirá a operação de todo o sistema, e ainda resolver o destino final do efluente tratado. Em meio a isso, paira nova incógnita: o plano da Prefeitura de promover a ‘remodelagem’ no serviço regional. A proposta deve implicar, na prática, na introdução de uma terceirizada no processo, o que têm gerado mais apreensão do que esperança de solução para o problema. O principal temor é que o novo modelo subverta a lógica vigente, impondo a cobrança de alguma taxa dos contribuintes antes mesmo da entrega efetiva do serviço de coleta e tratamento de esgoto. (Foto: Milton Ostetto/Divulgação/JC)